segunda-feira, 23 de abril de 2007

A intuição feminina

"Triatleta cai de bicicleta e é atingida por dois carros na Rodovia Castelo Branco."
"Dois ciclistas de 27 anos morreram atropelados ontem na Rodovia Bandeirantes."

Essa foi a singela troca de emails que rolou horas antes da gente pedalar até o Hopi Hari. Consequência: a noiabinha aqui, medrosa do jeito que é, teve insônia. Fritava de um lado, cozinhava do outro e um mau pressentimento não me deixava dormir. O relógio apontava 03h30 da última vez que olhei pro marcador, e lógico que não conseguimos levantar às 06h como combinado. Sendo assim, nos dividimos em dois grupos e fomos andar de bike em lugares diferentes.
Confesso que enquanto girava pela Bandeirantes, rogava proteção pra tudo que é divino. "Cristo, Krshna, John Lennon, ajudem!", mas a sensação ruim ainda tava lá, se divertindo sobre meus ombros encolhidos. Vinte quilômetros depois, o maridão e eu paramos pra "abastecer". Foi quando ouvi meu celular apitando. "Quebrei meu pé. Merda." - Mensagem do Talitão. Eu sabia. Liguei pra Ta e descobri que ela também não se sentia muito bem naquele dia. Antes de entrar na estrada, se desequilibrou da bicicleta e caiu sobre o pé. Resultado: 45 dias de molho.
Nos 20 km de volta, o maridão teve que me aguentar: "Nunca subestime o sexto sentido de uma mulher." Acho que ele aprendeu. E eu também – da próxima vez que minha intuição der sinal de vida, não vou ignorar.

E Talitão, melhora logo, tá?

sexta-feira, 20 de abril de 2007

O direito à tatuagem

" – Acabou a tatuagem?" – Me pergunta um tiozinho na porta da Fnac. Ele se referia à minha nova tattoo do braço direito, que foi só riscada.
" – Não e não tenho pressa." – Respondi sorrindo. Era pra ele entender: "Quando tiver grana e mais coragem, termino." O tiozeira não entendeu o recado...
" – Ah, se arrependeu, né?"
Maldito do inferno! Devia ter percebido pelo tom de voz e pelo ar de anão Zangado da Branca de Neve que o mano queria causar.
" – Não, não me arrependi e já tô pensando na próxima." – Respondi já fechando a cara.
" – Tatuagem é bom pra quem é novo. Quando tiver velho assim, com as pelancas caindo como eu, vai perceber que perde o respeito das pessoas. É atraso de vida." – O Smurf mal humorado insistia.
Concluí que atraso de vida era continuar aquela conversa. Pra encerrar o papo inútil, já que o manobrista chegava com meu carro, resolvi ser curta e grossa:
" – Discordo. Meu avô é tatuado." – Mentira deslavada.
" – Ah, é? E o que ele faz?"
" – Ele gerencia uma construtora famosa. Esqueci o nome agora..." – Baixou o Pinóquio!
" – E os funcionários respeitam ele?"
" – Óbvio. Ou ele não estaria no cargo há mais de 10 anos." – E entrei no carro sem me despedir.
A resposta não foi das melhores, mas me diverti com o fato de ter "promovido" meu avô querido, que trabalhou como pedreiro até os 70 e poucos anos, e hoje vive feliz da vida numa casa em Goiás.


(Na foto, parte da tatoo do maridão que tá fechando o braço com o Gonta - http://www.fotolog.com/gontattoo)

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Caiu, levanta!


Um cotovelo ralado e muitos hematomas pelo corpo. Esse é o resultado parcial desse primeiro mês em que inventei de correr de bicicleta. E não foram só as minhas pernas e braços que levaram a pior - meu bolso também foi avariado, afinal de contas, é uma bicicleta de corrida! Corri-daaaaa! A bichinha não pesa mais de 9 kilos, tem rodas de não-sei-o-quê, câmbio de "vai saber", e um quadro de fibra de carbono (isso eu sei!) cujo número é 47. Graças a essa bela numeração, que varia de acordo com a altura do indivíduo, eu gastei na donzela um valor considerável de "titim" (em desenho animado, esse é o som do dinheiro indo embora). E não é só isso! Junto com a sua maravilhosa bicicleta ultra-master-mega-pró-noiaba, você ainda tem que comprar capacete, luvas, uma blusa coladinha com um bolso para quitutes (sim, você pode comer enquanto pedala - se tiver coordenação pra tal) e ainda uma bermudinha, que eu vou te contar... Ah, a bermudinha! Quando o maridão apareceu vestido com aquele negócio, rolei de rir. Três semanas depois, era eu que usava uma calça justiiiiiinha com enchimentos entre as pernas. Sim, lá mesmo. É péssimo, mas impede aquela dor na bunda típica de quem anda de bike.

Bom, além das dores na bunda, do bolso vazio e do corpo machucado, o ciclista ainda corre o risco de se quebrar de verdade. Vi vídeos de pessoas com o osso da perna saindo pra fora e o nariz pra dentro, e hoje li o texto de um triatleta que acabou com as nádegas no pneu traseiro da "magrela", por causa do parafuso que segura o banco. Foi perda total...

Pois é, por essas e outras você pode perguntar: "se o ciclista só se ferra, por que os atletas continuam pedalando?" Pra saber a resposta, só vestindo a bermudinha e a blusa coladas, e dar a cara pra bater. Quer dizer, não só a cara... A sensação é uma das melhores que experimentei. Não dá pra descrever, tem que vivenciar.

Nesse fim de semana vamos encarar 60 km até o Hopi Hari. Se eu aguento? Isso só vou saber no sábado...